Simondon encontrou na teoria quântica um apropriado correlato empírico para seu esquema metafísico. A dualidade persistente e irredutível entre onda e partícula, argumentou ele, decorre de nossa tentativa de descrever um regime pré-individual usando conceitos adequados apenas para realidades plenamente individualizadas. Nessa perspectiva, o fenômeno quântico não é uma "coisa" travestida de onda ou partícula. Ou melhor, é o processo da própria individuação, vislumbrado em resolução intermediária. A troca de energia em "quantidades elementares" (quanta) sugere uma "individuação da energia" dentro do campo relacional entre entidades. A famosa complementaridade onda-partícula, articulada por Bohr, é, portanto, a "reverberação epistemológica" da metaestabilidade original do real. Cada observação ou interação é uma operação específica que "desfaseia" o pré-individual, forçando uma resolução em uma das fases fenomenológicas (ondulatória ou co...
Uma corrente contrária à automatização, silenciosa, porém persistente, flui. É a atração pelo físico, pelo tátil e pelo que pode ser manipulado diretamente. Observamos isso no ressurgimento do artesanato, na celebração da produção "lenta" e um fascínio peculiar pela mais elementar das tecnologias humanas: a ferramenta manual. Esse fascínio é mais do que uma estética retrô ; ele sugere um anseio mais profundo, talvez filosófico. Gilbert Simondon distinguiu dois modos de acesso ao objeto técnico: O modo de acesso do indivíduo ao objeto técnico é menor ou maior; O modo menor é o modo apropriado para o conhecimento da ferramenta ou do instrumento; é primitivo, mas adequado a este nível de existência da tecnicidade na forma de ferramentas ou instrumentos; torna o homem em um portador de ferramentas, de acordo com uma aprendizagem concreta, uma espécie de simbiose instintiva do homem e do objeto técnico empregado em um determinado meio, de acordo com a intuição e o conhec...